sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O fim enfim

Infelizmente o plano não pode ser realizado em sua totalidade, pois não pude entrar no Paraguai.
Por outro lado, fui a uma província argentina que não estava no roteiro, além de uma cidade polonesa no Rio Grande do Sul.
Pretendo um dia refazer esse roteiro com algumas mudanças: levar meus filhos e ir de carro de carro, incluindo Foz do Iguaçu! Quem sabe um dia eu não conte essa aventura aqui também?

Roteiro final.

A única coisa que eu faria diferente (além das óbvias - levar mais dinheiro, habilitar o celular para o estrangeiro e me vacinar para febre amarela) seria ir direto para Santo Inácio e deixar para visitar Santa Ana e Loreto juntas, pois a primeira é maior e merece mais atenção. Como tinha estado em Santa Ana antes, não me dediquei como deveria a Santo Inácio. E agora sei que há uma linha de ônibus que une as três.


Será que curti?

Foi tão tranquilo fazer tudo de ônibus que pretendo repetir em breve para outros lados. Aguardem novas aventuras!

O que nunca me decepciona é o Couchsurfing. Fiquei na casa de pessoas incríveis, que abriram suas portas para um estranho (no meu caso, literalmente) e me fizeram sentir na minha própria casa! Como disse Francisco (San Javier), é um ótimo modo de perceber que o mundo tem muito mais gente boa do que má.

Gastos
  • Transporte: foram cerca de 1800 km rodados em ônibus, tendo gastado em passagem R$ 622, ou seja, R$ 0,35 por km. Se tivesse feito de carro, calculando 14 km/l e a gasolina a R$ 4,70, teria gastado praticamente a mesma coisa, mas teria ficado muito mais cansado. Sem contar que teria que pagar a mais pela travessia na fronteira, além de pedágios  e carta verde. Teria que, antes de tudo, alugar ou comprar um carro! Acho que valeu.
  • Hospedagem: foram oito noites a R$ 175, uma média de R$ 22 por noite. Acho que valeu. Salve o Couchsurfing! 
  • Total : com o dia que saí e o que voltei pra casa, foram nove dias. Gastei, contando tudo, inclusive farmácia, lembrancinha e o ônibus para rodoviária e o táxi para casa,  R$ 1.234. Ou seja, gastei em média R$ 137 por dia para viver essa aventura. É claro que valeu!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Guarani das Missões

Como dito em algum momento, o ônibus de Santo Ângelo a Porto Xavier para ao longo da estrada e entra em todos os municípios do caminho. Um deles é Guarani das Missões. Percebi vários nomes poloneses pelas ruas e até uma construção típica. Como sabia que a pessoa ao meu lado era dali, indaguei sobre isso e ela disse que Garani é a maior cidade polonesa do RS!


Muitos nomes poloneses pelas ruas.

Minha surpresa se deu porque sou descendente de poloneses (Zechlinski) e nunca tinha ouvido falar do município. Decidi que um dia eu o visitaria.

Como não pude entrar no Paraguai e já tinha um dia a mais reservado para eventualidades no meu planejamento, quando estava em Porto Xavier prestes a pegar o ônibus de volta para Santo Ângelo, me deu o estalo: por que não ficar em Guarani das Missões, afinal, aquele "um dia eu o visitaria" tinha toda cara de "nunca", e o ônibus entraria na cidade de qualquer jeito.

Tentei rapidamente encontrar um anfitrião ou até mesmo um hotel, mas não obtive sucesso. Contactei meu anfitrião de Porto Xavier, que pesquisou entre seus colegas e descobriu o único hotel da cidade. Liguei, reservei e lá fui eu!

A cidade é bem pequena (menos de 8 mil habitantes, segundo o IBGE), ampla e tranquila. Dei uma volta na praça Papa João Paulo II e na Paróquia Santa Teresa Dávila, sem maiores atrativos. 


Onipresente.

Aí fui para o Parque de Eventos Clemente Vicente Binkowski. Além de ser uma área bastante agradável, onde, ao final da tarde, havia muita gente caminhando e correndo pela pista de atletismo, há algumas construções típicas muito interessantes.


Casa sem prego.


Acho que é um restaurante.


Casa Polonesa.

Caminhando aleatoriamente pela cidade fui parar na Câmara de Vereadores. Percebi que iria começar uma sessão e me abanquei, mas ela não começou nunca e, após ler os sobrenomes de todos os vereadores que o município já teve na busca infrutífera pelo meu, fui embora.


Tinindo de nova.

Além dos sobrenomes poloneses por tudo, chama a atenção também que muitas construções são nas cores da bandeira polonesa (vermelho e branco). Talvez por isso o único restaurante disponível para jantar fosse colorado, no sentido futebolístico da palavra.


Tudo vermelho e branco.


Esse desbotou...

Assim que o sol se pôs, a cidade morreu (não que estivesse muito viva antes disso...), então resolvi voltar para o hotel depois da janta.


O único movimento na noite...

A farmácia mais polonesa  do Brasil (?) ainda estava aberta, então resolvi entrar para apreciar a decoração e fiquei de papo com a farmacêutica, que me deu várias dicas (polonesas, não de fármacos!).


O nome e as cores já diziam algo...


Por dentro é quase uma galeria de arte polonesa.


Orgulho da origem!

No dia seguinte fui conhecer a Casa de Cultura Helena Carolina, onde encontrei a Gisela, uma senhora muito simpática que não só fez um tour pela casa comigo, como conversamos bastante sobre várias coisas. Ela até gravou um vídeo para mim!:




Casa de Cultura Helena Carolina.

Quando soube que tenho formação em inglês, fez questão de me levar na sala onde algumas meninas estavam tendo aula. Aproveitei para gravar um vídeo delas contando até dez - óbvio que não em inglês!:



Como reclamei que a cidade não tinha nenhuma sinalização para turistas, ela me sugeriu levar isso à prefeitura, o que fiz assim que saí dali - não só pela sugestão dela, mas porque geralmente as prefeituras ficam em casas antigas, o que sempre me interessa.

Quando me apresentei na prefeitura (descendente de poloneses conhecendo a cidade), a recepcionista logo me encaminhou para o secretário de administração e fazenda. Assim que comecei a falar com ele, entendi o porquê desse encaminhamento. Vilmar Person é descendente de suecos e tem blogue e canal do Youtube a respeito desse fato e também sobre o município em geral. Aprendi que os poloneses são os mais visíveis e em maior número, mas que Guarani das Missões foi também povoada por suecos, ucranianos, tchecos etc. Ficamos um tempão conversando e vendo vídeos e fotos.


Resumo.

Quando saí já chovia muito, então fui almoçar e depois peguei o ônibus para Santo Ângelo e, de lá, para Porto Alegre. Era o fim da minha aventura missioneira!

Em tempo, não encontrei meu sobrenome em nenhum lugar do município. Alguém me garantiu que no cemitério encontraria, mas, com a chuva, acabei deixando para outra hora...

Gastos
  • Ônibus de Porto Xavier: R$ 30
  • Ônibus para Santo Ângelo: R$ 12
  • Hospedagem: R$ 70







segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

San Javier

Havia passado por San Javier quando saí do Brasil, por Porto Xavier. Mas naquele momento apenas troquei dinheiro na saída do porto, peguei um táxi e fui direto pra rodoviária (onde troquei mais dinheiro) para pegar o ônibus para Santa Ana.

Minha expectativa com a cidade era baixa, pois, como fica exatamente do outro lado da fronteira com relação a Porto Xavier, e até o nome delas é parecida, achei que fosse ser insignificante também. A ideia dessa vez era simplesmente passar a noite ali para pegar a primeira travessia na manhã seguinte.

Minha anfitriã me buscou na rodoviária e formos pra casa dela, onde encontramos seus pais sentados na frente da casa, pois o calor continuava sufocante. Perguntei pra que lado era o rio, e o pai dela se prontificou a me levar para conhecer a cidade.


Ainda bem que não embarquei nessa canoa furada!

Francisco, seu nome, me mostrou recantos muito aprazíveis, com boas vistas do rio Uruguai e do Brasil. Conversamos bastante e ele me explicava tudo que via e tudo que eu indagava. Ou seja, o guia ideal!


Anfiteatro gre-nal.


Fim de tarde ao rio Uruguai, com meu anfitrião-guia-motorista-padeiro.

Ao voltarmos para casa, ficamos reunidos em volta da mesa conversando e, mais tarde, jantando. Era exatemente o que buscava ali: o convívio com uma família argentina.
Moram ali, além de gatos e cachorros, os pais, os irmão e a avó da minha anfitriã, além da própria. A família é muito simpática, portanto, mesmo exausto, foi uma noite muito agradável.


Parte da família.

No outro dia, pedi a bicicleta emprestada para dar uma volta pela cidade, pois já havia decidido que voltaria pro Brasil apenas pela tarde. Saímos para encher o pneu ali perto, mas Francisco acabava de chegar e me disse para largar a bicicleta que me levaria de carro para conhecer outros lugares. Detalhe: ele é padeiro e estava voltando da entrega matinal de pães, os quais esteve preparando desde as 3h da madrugada!

Fomos primeiro ao Cerro del Monje, um local de peregrinação na época da Páscoa, com uma ótima infraestrutura e linda vista.


No alto do Cerro del Monje.


Panorama do Cerro del Monje.

Dali fomos para uma parte do rio mais afastada, com corredeiras. Quando comentei com o taxista que tinha ido ali, ele ficou surpreso e perguntou se eu estava com algum morador dali, pois quem vem de fora não sabe da existência delas. Por isso gosto tanto de ficar hospedado com locais!


Corredeiras. 

Por fim, voltamos para o Camping Puerto Arenas, pois no dia anterior, quando passamos por ele, estava fechado para um evento.


Sensualizando à beira da piscina.

Voltamos pra casa e comemos pizza caseira. Francisco então foi dormir, e eu fui embora. Esperei um pouco o ônibus que vai para o porto, mas como ele não vinha, e eu não queria perder o ônibus para Santo Ângelo, peguei um táxi.


A tardinha cai...

Como na vinda, a imigração e a travessia em si foram muito tranquilas e rápidas.

Em suma, por mais simples que a cidade seja, a expectativa era tão baixa e os anfitriões tão legais que acabei curtindo muito San Javier.

Praticalidades
  • Após passar pela imigração, na chegada, há um mercadinho a uns 50 metros, onde é possível fazer câmbio por um valor justo.
  • O porto fica longe da cidade. Na volta descobri que há ônibus, cuja frequência desconheço, então peguei táxi em ambos os sentidos. Tem um ponto no porto. Na cidade foi por pura sorte que consegui um. É mais fácil chamar um pelo telefone.
  • A rodoviária é pequena mas funcional. É possível fazer câmbio no guichê de passagens. 

Gastos
  • Ônibus de Santa Maria la Mayor: ARS 60 = R$ 4,60
  • Ônibus para Santa Ana: ARS 205 = R$ 16
  • Táxi de/para o porto: ARS 150 = R$ 12
  • Balsa de/para o Brasil: ARS 130 = R$ 10


Santa Maria la Mayor

Fui de Ituzaingó para Posadas no primeiro ônibus. Mais uma vez, uma breve jornada em ônibus leito!


Vontade de ir até o destino final!

Dali peguei outro ônibus para Santa Maria, para visitar minha 4ª e última ruína jesuítica na Argentina. O ônibus para exatamente na frente, basta atravessar a estrada.


Na beira da estrada.

Desta vez havia um grupo com a guia, então esperei eles voltarem e irem embora para fazer a visita particular. 


Um pouco mais de cor.

Esta guia foi a melhor, pois sabia muito e tinha paixão pelo que fazia. Como saí quando a ruína estava fechando, ela foi comigo até o ponto de ônibus, pois ela também o pegaria.


Minha” guia.

Ao término da visita guiada, a guia me deixou para curtir um pouco mais do local. Era minha despedida das ruínas, então fiquei vagando por ali, curtindo a natureza.


“Meu” Patrimônio!


Não façam isso!

Mesmo que a sensação aqui seja "mais do mesmo", a natureza é tão incrível e está toda a nossa disposição, quero dizer, não há ninguém para incomodar, atrapalhar, a tranquilidade é tanta, que não cansa.


Saltitando de alegria!



Despedida...

Gastos
  • Passagem de Posadas: ARS 300 = R$ 23 
  • Passagem para San Javier: ARS 60 = R$ 4,50


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Ituzaingó

O cara morava na província de Corrientes, a cerca de uma hora de Posadas. O combinado seria que eu dormiria lá e iria embora, pois ele tinha muito trabalho no dia seguinte, mesmo sendo sábado.


Levei uns três dias para memorizar esse nome...

Com muito tato, o convenci a me deixar dormir ali duas noites, do contrário não conseguiria conhecer nada, já que chegamos durante a noite. A condição era eu sair de manhã e só voltar de noite. Bem o que queria!

De manhã fui caminhando até a orla, achei um canto perto de um quiosque e fiquei lendo e tomando banho de rio: precisava de um descanso e, principalmente, de um refresco!


Rio Paraná.

O anfitrião tinha me dito para não perder a praia tal, então almocei no quiosque e segui na direção informada. Cheguei num centro de informações e, como disseram que passava um ônibus de linha até a outra praia, fiquei ali esperando. Sim, ele passou, literalmente, pois eu estava no lado errado da avenida!
Para não ter que ficar esperando o próximo, resolvi ir andando. O calor era muito, então, assim que cheguei na estrada, fiz sinal para o primeiro carro que passou, e ele parou! Eu disse que queria apenas ficar mais à frente, pois estava indo pra praia, e eles disseram que estavam justamente indo para lá!


Max e Hector, companheiros de praia.

Ou seja, não só consegui carona como também ótima companhia para a praia. A menina era um encanto, mas cansou e começou a incomodar, então eles foram embora umas duas horas depois.


Índia (sim, esse é o nome dela).

Quando fui embora, pelas 16h, a praia estava começando a encher. Eu era o único no sentido da saída, contra uma leva de gente que chegava!


Provando e aprovando o onipresente tereré.

Peguei o ônibus para o centro e desci no Museo Antropológico de Ituzaingó. Como sempre, era o único ali, então a atendente fez um tour comigo, o que fez a visita ser muito mais interessante, pois o acervo é bem simples. 


Urnas funerárias.

Muito mais intrigante é a arquitetura, pois parece uma construção do sul dos Estados Unidos. Perguntei o motivo daquilo, esperando alguma referência indígena, e a guia disse que foi apenas inspiração da arquiteta!


Dispensa legenda...

Dali fui para o Museo de Campo, uma casa antiga com itens das fazendas da região. Gostei bastante. Óbvio que era o único ali também, mas a atendente não ajudou muito: era seu primeiro dia de trabalho!


Vida no campo.

O sol estava prestes a ser pôr, então voltei pra orla. A praia estava cheia! Fiquei até escurecer completamente e ainda tinha crianças se banhando!


Assim que eu gosto!

Comi umas empanadas e voltei pra casa.


A cidade é muito agradável.

No outro dia fui para rodoviária pegar o primeiro ônibus de volta a Posadas e dali para a última ruína de minha viagem...


Ainda não eram nove da manhã e a carne já tava assando!



Resumo. 

Praticalidades
  • Do centro de informações partem ônibus para visitar a Hidroeléctrica de Yacyretá. Como a atendente disse que era parecido com Itapuã, que eu já conheço, não fui. É de graça.
  • Pelo que li e ouvi, no verão as praias ficam extremamente lotadas. Além disso, todos os quiosques tocam reggaeton sem parar...
Gastos
  • Passagem de/para Posadas: ARS 285 = R$ 22,00
  • Ônibus de linha: ARS 20 = R$ 1,50





quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Posadas

Posadas é a capital da província de Misiones, Argentina. Não tinha nenhum interesse nela, apenas atravessar dali para o Paraguai. Há um trem que atravessa a ponte internacional, que, embora deva ser bastante agradável (como Sheldon, adoro um trem!), me obrigaria a gastar com deslocamento até o trem e, depois da travessia, do ponto final  até o centro de Encarnación, no Paraguai. Resolvi, então, pegar o ônibus internacional, que sai da própria rodoviária de Posadas e me deixaria diretamente no centro de Encarnación.


Posadas vista da ponte internacional.

Quem vai de carro ou moto enfrenta uma longa fila na fronteira. Já quem vai de ônibus tem uma via separada, muito mais ágil. O ônibus para na aduana argentina, todos descem e fazem a saída do país, o que não levou 10 minutos. Aí todos votam pro ônibus, atravessamos a ponte e descemos na aduana paraguaia para fazer a entrada no país. Também tudo muito rápido, mas...

Já na fila vi que havia no vidro da imigração uma mapa do Brasil falando em febre amarela e tremi. Não porque estivesse com a tal febre, mas porque me dei conta de que para entrar no Paraguai os brasileiros precisam apresentar comprovação de vacinação, o que eu não tinha!

Ou seja, enquanto meus companheiros de ônibus voltavam para ele a fim de seguir viagem Paraguai adentro, para mim foi o fim do plano de conhecer as missões paraguaias...

Após passar por decepção, raiva, tristeza e autoflagelação, peguei o ônibus no sentido contrário e voltei para Posadas completamente arrasado.

Cheguei  na rodoviária totalmente perdido. Meu primeiro impulso foi pegar o primeiro ônibus para San Javier e voltar para casa, mas... não desisto assim tão facilmente.


O contraste latino-americano se fazendo presente.

Da rodoviária entrei em contato com um possível anfitrião, mas ele estava viajando, então comecei a procurar no Couchsurfing alguém que pudesse me hospedar por uma noite, pois, se o universo queria que eu ficasse em Posadas, passaria a noite ali e descobriria seus encantos!

Obviamente ninguém respondeu minha solicitação (devo ter soado tão desesperado que afugentei anfitriões em potencial). Então, já desiludido e necessitando tomar uma decisão antes que ficasse muito tarde, fui para o café da rodoviária, onde contei essa história toda para um cara que estava esperando o ônibus para voltar pra casa na província de Corrientes. Meio sem jeito, talvez até desejando que eu recusasse, me ofereceu hospedagem. Apenas perguntei se tinha algo legal na cidade dele, ao que ele disse lindas praias de rio, e eu aceitei imediatamente o convite!
Não era aventura que eu estava querendo?!

Claro que alguma precaução tomei. Ainda faltava cerca de uma hora pro ônibus dele sair, então fiquei conversando com ele até 10  minutos antes da partida para me certificar de que ele não era nenhum maníaco e comprar a passagem.

O resto fica para o próximo artigo, sobre Ituzaingó.

Aqui conto que, da casa dele voltei para Posadas para continuar a viagem. Como teria umas 3 horas até meu próximo ônibus, peguei um ônibus municipal e fui para o Museu Histórico e Arqueológico Andres Guacurari, pois o Google me dizia que, mesmo sendo domingo, estava aberto.

O Google também mente. Então fui caminhar pela Costanera (calçadão que margeia o rio fronteiriço) e conhecer algumas atrações por ali.


Breve relato sobre a Costanera.


Costanera.

A primeira com que me deparei foi o Monumento a los Caídos en Malvinas:


Na sequência me deparei com a Plazoleta del Papa, onde, obviamente, há uma estátua dele:


Por último, passei pelo Monumento al Comandante General Andresito Guacurarí, natural de São Borja:


Voltei para rodoviária (a essa altura já quase meu segundo lar) quase na hora do meu ônibus, mas ainda deu tempo de correr até um caixa automático para sacar dinheiro, pois, como Posadas foi o único lugar onde pude pagar algo com cartão de crédito, meu dinheiro estava terminando!

Praticalidades
  • A rodoviária é tranquila e tem todos os serviços, menos wi-fi decente. Como bateu o desespero para encontrar anfitrião, precisava de internet boa, então comprei um chipe com crédito para meu celular ali mesmo.
  • Tem também guarda-volume, que utilizei para deixar a mochila a fim de dar a volta pela Costanera.
Gastos (aqui o câmbio passa a ser 13 Pesos por Real)
  • Ônibus de San Ignacio: ARS 140 = R$ 11
  • Ônibus internacional: ARS 100 = R$ 8
  • Ônibus municipal: ARS 28 = R$ 2
  • Guarda-volume: ARS 50 = 4
  • Chipe para celular com crédito: ARS 240 = R$ 18

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Nuestra Señora de Loreto

Descobri em San Ignacio que tem um ônibus circular que o conecta com Santa Ana e Loreto, então o usei para visitar esta última.


Ônibus que liga três missões.

A viagem é bem rápida (10 minutos!) e barata. O melhor é que o ponto de ônibus em Loreto é na porta da ruína!


Ponto do ônibus e, atrás, entrada para a ruína.

Mais uma vez, parecia uma cidade fantasma, embora bem ampla e limpa. Novamente era só eu ali, então peguei minha guia particular e fui conhecer mais este patrimônio da humanidade.


Minha guia.

Ao contrário das demais, Loreto não foi "trabalhada", ou seja, está praticamente in natura.


Natureza selvagem.

O mais diferente que vi aqui foi o banheiro dos guaranis, que contava inclusive com água corrente!


Sanitários.

Havia muita gente cortando a grama, o que facilitava caminhar sem medo de pisar em seres desconhecidos, mas fazia um pouco de barulho. Estranhei, pois em Santa Ana a grama era alta, mas a guia explicou que a estavam cortando apenas porque alguma entidade patrocinadora (não lembro qual) estava prestes a fazer uma vistoria!

Em toda missão que visitei na Argentina, deixava minha mochila na recepção para fazer a visita. Aqui, estava tão lívido e reflexivo que, a caminho da parada para pegar o ônibus de volta, fui chamado aos gritos por algum funcionário, pois estava indo embora sem a mochila!
O ônibus não tardou a chegar.

Gastos
  • Ônibus de/para San Ignácio: ARS 40 = R$ 3 cada trecho

sábado, 7 de dezembro de 2019

San Ignacio Miní

Após esperar menos de meia hora numa parada de zinco na canícula em Santa Ana, peguei o ônibus para San Ignacio. Desci na rodoviária e fui pro centro de informações que tem no pórtico da cidade, do outro lado da estrada. Não façam isso! O cara ali não tinha sequer um mapa para me dar, nem quis me fazer o favor de ligar para minha anfitriã para avisar que eu tinha chegado.



Pórtico de entrada do município.

Parênteses: assim que atravessei a fronteira, me dei conta de que tinha esquecido de habilitar meu celular para o estrangeiro, ou seja, fiquei sem sinal, dependente de wi-fi, que até então não encontrei! 

Do outro lado da estrada, ou seja, perto da rodoviária, tem uma espécie de agência de viagem que parece ser mais bem preparada para auxiliar viajantes. Não fui, mas fica a dica.

Ao menos o tiozinho antipático do centro de informações me indicou o caminho pra ruína, e lá fui eu, debaixo do sempre escaldante sol, com minha mochila. Como era por volta do meio dia, estava tudo fechado, parecia uma cidade fantasma!

San Ignacio Miní é a ruína mais importante da Argentina, muito mais bem estruturas que as demais e sem aquela construção típica da entrada. Outra diferença é que ela fica bem no centro da cidade, como se fosse uma praça.


A entrada aqui não segue o padrão das demais ruínas argentinas.

Assim que cheguei me disseram que tinha acabado de sair um grupo com o guia em espanhol, então fui atrás deles. Interessante que no grupo havia uma mulher de cadeira de rodas. Quem quer, faz!


Faceiro em San Ignacio Miní.

Essa ruína faz jus ao status que tem: é impressionante! Muitas construções deixaram vestígios ali, então dá para se ter uma ideia bem mais precisa de como era o todo.
Além disso, dá para ver muitos detalhes escultóricos na igreja. 


AM = Ave Maria (reparem no anjo lá em cima).

Depois dei uma olhada no museu, que também é o maior e mais bem estruturado das quatro ruínas argentinas.


O contraste pedra/natureza é lindo!

Para minha sorte, a ruína é tão bem estruturada que tem wi-fi! Pude, então, contactar minha anfitriã, que, louvado sejam os jesuítas!, mora a duas quadras dali.
Susana foi mais que anfitriã: foi um verdadeiro anjo! Viu o estado lastimável em que cheguei e me colocou à vontade. Mencionei que queria visitar a Casa Museo Horacio Quiroga, mas que era longe, e ela prontamente se dispôs a me levar lá, pois fazia muito tempo que tinha ido pela última vez.


Eu e Susana com meu livro de Quiroga na casa dele.

Eu imaginava que seria legal, mas essa visita superou todas minhas expectativas! Primeiro que não é uma casa: são 2. Tudo muito bem organizado, limpo e tranquilo. Além disso, como só estávamos nós ali, a pessoa do local nos acompanhou o tempo todo dando explicações. Se bem que Susana descobriu mais tarde que muitas dessas informações eram, digamos, imprecisas...


Taquaral no jardim da casa.

A satisfação com esse visita deveu-se também ao fato de eu ter acabado de ler um livro dele (Passado Amor) que parecia ter sido escrito ali mesmo, de tanta semelhança!


A outra casa, posterior.

Na saída Susana decidiu, já que estávamos para aqueles lados, me levar para conhecer a Playa del Sol, no rio Paraná. No caminho cruzamos com uma conhecida dela e elas baixaram os vidros para se cumprimentar. Resultado: a conhecida é sócia do Club de Pesca y Deportes Nauticos San Ignacio, ao lado dessa praia, e nos liberou a entrada.


Como ainda não começou a temporada, a praia estava quase deserta!

O clube trata-se de casas de veraneio na beira do rio, com muita área verde e uma faixa de areia para praia. Pegamos um lindo final de tarde. Passeio planejado que dá certo é ótimo, mas, melhor ainda, é passeio não planejado perfeito. Melhor ainda se incluir pôr do sol!


Final de tarde no rio Paraná.

Na volta para o centro paramos numa padaria para comprar as tradicionais facturas argentinas e Susana me apresentou para o prefeito eleito! Ela literalmente conhece todo mundo, pois é uma das médicas do local.

Outro parênteses: como em nenhum lugar aceitam cartão, o dinheiro que tinha trocado estava acabando e não tinha onde trocar àquela hora, então Susana falou com uma pessoa das ruínas e ele me liberou a entrada para o espetáculo de som e luz!

Este espetáculo é muito diferente do de São Miguel. Primeiro por ser mais moderno, mais lúdico. Outra grande diferença é que não se fica parado assistindo: a gente vai caminhando pelas ruínas e as projeções são feitas em diferentes trechos. Mas a principal diferença é que as projeções são feitas não só nas paredes das ruínas, mas em cortinas d´água, o que dá um tom sobrenatural de arrepiar. Acrescente a isso o fato de ser uma maravilhosa noite estrelada e que havia muitos vaga-lumes na entrada do parque para entender como me emocionei com tudo!


As imagens para os lados da fachada são projeções de guaranis.

Verdade seja dita, porém, a qualidade do som em São Miguel é insuperável. Aqui às vezes havia falhas, e era em espanhol, ou seja, perdi alguns trechos.

Depois do espetáculo aproveitei para dar uma caminhada pelas praças ao redor. É impressionante como as cidades que conheci aqui têm praças bem cuidadas e, principalmente, bastante utilizadas. Muita criança, inclusive pequenas, brincando até tarde na rua.

Ao voltar para casa da Susana, ficamos sentados na varanda (lembrem que a noite estava maravilhosa) conversando com o filho dela que ainda mora ali. Ela chamou a amiga que é professora de português para praticar, fez uns pastelões de forno, trouxe uma cervejas e estava fechado com chave de ouro um dia maravilhoso!

No outro dia, além de me levar na rodoviária, Susana comprou R$ 50 de mim, mesmo sem ter previsão de vir ao Brasil. Viram como chamá-la de anjo não foi nenhum exagero?

Gastos
  • Ônibus de Santa Ana: ARS 45 = R$ 3
  • Casa Museo Horacio Quiroga: ARS 150 = R$ 11