quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

São Miguel das Missões

Finalmente conheceria o único patrimônio da humanidade na região sul do Brasil, responsável por toda essa minha aventura!
O ônibus de Santo Ângelo a São Miguel leva um pouco mais de uma hora. Embora se intitule uma estação rodoviária, a de São Miguel está  mais para um paradouro. Não há nenhum serviço, sequer vende passagem! Além do mais, o espaço está a venda. Ou seja, quando você for, pode ser que nem seja mais ali!

"Rodoviária" de São Miguel das Missões.

Ao menos fica próxima das ruínas. Fui caminhando até a pousada (aqui  não consegui anfitrião) e passei defronte da ruína. Na hora pensei que era pouca coisa, deu uma leve decepção, mas ao as conhecer de perto... emoção pura!

Entrei assim que abriu no período da tarde (tudo na região fecha ao meio-dia). Embora seja o período mais quente, tive o parque todo só para mim. Ao sair, mais de três horas depois, a temperatura estava mais agradável, mas os grupos chegavam um atrás do outro.


A cruz missioneira.


Em minha ignorância, achava que era só a fachada...

O interior da torre.


A interação da natureza com as ruínas me lembrou de Angkor Wat, Camboja.


Não sei se vou me segurar...


Das vantagens de se ter uma ruína toda sua!


Meu recanto favorito: Cotiguaçu, espaço reservado para as índias viúvas. 

Valeu muito a pena alugar o audioguia (R$ 5), pois ele dá um panorama do local sem ser muito detalhista. Guias precisam ser contratados de antemão, e já sabia que usaria esse tipo de serviço na Argentina, então dispensei.


Índios vendem seu artesanato pelo museu.

O museu é pequeno, mas completamente integrado às ruínas e com peças lindas.

tranquilidade de quem perdeu a ponta do nariz...

Uma boa pernada leva até a Fonte Missioneira. Um local pequeno, mas adorável. Quando chegava, saía um casal, que me deu muitas dicas e me deixou a só para curtir esse relaxante recanto.


Água correndo desde o período jesuítico-guarani!

Havia ouvido falar do monumento ao bandeirante, o que não fazia o menor sentido para mim, pois se ouve horrores sobre eles aqui, quanto ao que faziam com os índios.
Mas, ao chegar no monumento, tudo faz sentido: é um antimonumento! Ele fica para baixo da terra. Se não fosse aquele casal na fonte me explicar direitinho onde era, nunca teria achado, pois não há nada que o indique, nem dá para percebê-lo ao longe. Além disso, fica o meio do nada. Antimonumento total!

Antimonumento ao bandeirante


Fica no meio do nada, mas que nada!

Quando passei pelo Manancial Missioneiro, ele estava fechado. Pelo que vi, achei feio, me deu até um pouco de medo. Sempre me surpreende como se fazia lindas estátuas no passado e hoje elas são tão feias (vide Elis e Fernandão em Poa)...

Detalhe do Manancial Missioneiro (assustador, não?)


Antiga igreja católica, desativada por estar na área da ruína.

Quando perguntei nas ruínas se precisava comprar ingresso pro show noturno de luz e som, me disseram que não, pois não teria quase ninguém. Quando cheguei para o evento, tinha uma fila enorme! Devia ter mais de 500 pessoas! Ainda bem que não há lotação máxima, pois, quando a arquibancada lota, o povo senta na grama.


As cerca de 36 escolas que resolveram ver o espetáculo no mesmo dia que eu...

O texto do espetáculo é da década de 70 e está datado. No início é um pouco cansativo e pesado, mas, à medida que se desenvolve, a gente vai se familiarizando e chega mesmo a se emocionar no final.


Ruína iluminada durante o espetáculo.

A qualidade do som e da luz é absurdamente boa, o que ajuda a emocionar. Altamente recomendável!

A pousada em que fiquei é muito boa: ao lado das ruínas e com piscina. Com o calor que fazia e o tanto que caminhei, passei a manhã na piscina antes de ir embora. Foi quando (e onde) conheci uma família da Espanha. Eles estavam ali para que o casal de filhos (na casa dos trinta anos) conhecessem seus pais biológicos. Uma história incrível!


Rolou um mergulho antes do espetáculo noturno também.

Praticalidades

  • Há no mínimo dois restaurante na rua das ruínas. No que almocei, a dona viu que peguei pouca coisa no bifê e me ofereceu um piava, peixe do rio Uruguai.
  • O quiosque da secretaria municipal, ao lado da entrada das ruínas, é muito prestativo: tem água (fria e quente - para o chimarrão), panfletos e passam um  filme bem interessante sobre as missões. É também onde se aluga o audioguia.
  • Não confie nos horários, pergunte sempre! Até mesmo o de abertura das ruínas que consta em um painel na entrada está errado!

Custos

  • Pousada: R$ 105
  • Passagem de/para Sto. Ângelo: R$18 (ida), R$ 16,50 (volta) - pois a primeira é comprada no guichê da rodoviária e a segunda com o próprio motorista.
  • Ingresso ruínas: R$ 14
  • Espetáculo noturno: R$ 25



Um comentário:

  1. Muito legal!!!! Eu fui com o colégio na 4ª série após ler “A Família Treme Treme nas Missões “ e lembro de ter ficado bem impressionada! Agora preciso voltar !

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