sábado, 7 de dezembro de 2019

San Ignacio Miní

Após esperar menos de meia hora numa parada de zinco na canícula em Santa Ana, peguei o ônibus para San Ignacio. Desci na rodoviária e fui pro centro de informações que tem no pórtico da cidade, do outro lado da estrada. Não façam isso! O cara ali não tinha sequer um mapa para me dar, nem quis me fazer o favor de ligar para minha anfitriã para avisar que eu tinha chegado.



Pórtico de entrada do município.

Parênteses: assim que atravessei a fronteira, me dei conta de que tinha esquecido de habilitar meu celular para o estrangeiro, ou seja, fiquei sem sinal, dependente de wi-fi, que até então não encontrei! 

Do outro lado da estrada, ou seja, perto da rodoviária, tem uma espécie de agência de viagem que parece ser mais bem preparada para auxiliar viajantes. Não fui, mas fica a dica.

Ao menos o tiozinho antipático do centro de informações me indicou o caminho pra ruína, e lá fui eu, debaixo do sempre escaldante sol, com minha mochila. Como era por volta do meio dia, estava tudo fechado, parecia uma cidade fantasma!

San Ignacio Miní é a ruína mais importante da Argentina, muito mais bem estruturas que as demais e sem aquela construção típica da entrada. Outra diferença é que ela fica bem no centro da cidade, como se fosse uma praça.


A entrada aqui não segue o padrão das demais ruínas argentinas.

Assim que cheguei me disseram que tinha acabado de sair um grupo com o guia em espanhol, então fui atrás deles. Interessante que no grupo havia uma mulher de cadeira de rodas. Quem quer, faz!


Faceiro em San Ignacio Miní.

Essa ruína faz jus ao status que tem: é impressionante! Muitas construções deixaram vestígios ali, então dá para se ter uma ideia bem mais precisa de como era o todo.
Além disso, dá para ver muitos detalhes escultóricos na igreja. 


AM = Ave Maria (reparem no anjo lá em cima).

Depois dei uma olhada no museu, que também é o maior e mais bem estruturado das quatro ruínas argentinas.


O contraste pedra/natureza é lindo!

Para minha sorte, a ruína é tão bem estruturada que tem wi-fi! Pude, então, contactar minha anfitriã, que, louvado sejam os jesuítas!, mora a duas quadras dali.
Susana foi mais que anfitriã: foi um verdadeiro anjo! Viu o estado lastimável em que cheguei e me colocou à vontade. Mencionei que queria visitar a Casa Museo Horacio Quiroga, mas que era longe, e ela prontamente se dispôs a me levar lá, pois fazia muito tempo que tinha ido pela última vez.


Eu e Susana com meu livro de Quiroga na casa dele.

Eu imaginava que seria legal, mas essa visita superou todas minhas expectativas! Primeiro que não é uma casa: são 2. Tudo muito bem organizado, limpo e tranquilo. Além disso, como só estávamos nós ali, a pessoa do local nos acompanhou o tempo todo dando explicações. Se bem que Susana descobriu mais tarde que muitas dessas informações eram, digamos, imprecisas...


Taquaral no jardim da casa.

A satisfação com esse visita deveu-se também ao fato de eu ter acabado de ler um livro dele (Passado Amor) que parecia ter sido escrito ali mesmo, de tanta semelhança!


A outra casa, posterior.

Na saída Susana decidiu, já que estávamos para aqueles lados, me levar para conhecer a Playa del Sol, no rio Paraná. No caminho cruzamos com uma conhecida dela e elas baixaram os vidros para se cumprimentar. Resultado: a conhecida é sócia do Club de Pesca y Deportes Nauticos San Ignacio, ao lado dessa praia, e nos liberou a entrada.


Como ainda não começou a temporada, a praia estava quase deserta!

O clube trata-se de casas de veraneio na beira do rio, com muita área verde e uma faixa de areia para praia. Pegamos um lindo final de tarde. Passeio planejado que dá certo é ótimo, mas, melhor ainda, é passeio não planejado perfeito. Melhor ainda se incluir pôr do sol!


Final de tarde no rio Paraná.

Na volta para o centro paramos numa padaria para comprar as tradicionais facturas argentinas e Susana me apresentou para o prefeito eleito! Ela literalmente conhece todo mundo, pois é uma das médicas do local.

Outro parênteses: como em nenhum lugar aceitam cartão, o dinheiro que tinha trocado estava acabando e não tinha onde trocar àquela hora, então Susana falou com uma pessoa das ruínas e ele me liberou a entrada para o espetáculo de som e luz!

Este espetáculo é muito diferente do de São Miguel. Primeiro por ser mais moderno, mais lúdico. Outra grande diferença é que não se fica parado assistindo: a gente vai caminhando pelas ruínas e as projeções são feitas em diferentes trechos. Mas a principal diferença é que as projeções são feitas não só nas paredes das ruínas, mas em cortinas d´água, o que dá um tom sobrenatural de arrepiar. Acrescente a isso o fato de ser uma maravilhosa noite estrelada e que havia muitos vaga-lumes na entrada do parque para entender como me emocionei com tudo!


As imagens para os lados da fachada são projeções de guaranis.

Verdade seja dita, porém, a qualidade do som em São Miguel é insuperável. Aqui às vezes havia falhas, e era em espanhol, ou seja, perdi alguns trechos.

Depois do espetáculo aproveitei para dar uma caminhada pelas praças ao redor. É impressionante como as cidades que conheci aqui têm praças bem cuidadas e, principalmente, bastante utilizadas. Muita criança, inclusive pequenas, brincando até tarde na rua.

Ao voltar para casa da Susana, ficamos sentados na varanda (lembrem que a noite estava maravilhosa) conversando com o filho dela que ainda mora ali. Ela chamou a amiga que é professora de português para praticar, fez uns pastelões de forno, trouxe uma cervejas e estava fechado com chave de ouro um dia maravilhoso!

No outro dia, além de me levar na rodoviária, Susana comprou R$ 50 de mim, mesmo sem ter previsão de vir ao Brasil. Viram como chamá-la de anjo não foi nenhum exagero?

Gastos
  • Ônibus de Santa Ana: ARS 45 = R$ 3
  • Casa Museo Horacio Quiroga: ARS 150 = R$ 11


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